domingo, 10 de julho de 2011

Deixa-me...


Lá fora tombam lágrimas de uma lua, desfeita em pedaços, sem brilho, sem vida… Lá fora é um retrocesso de tudo o que antes existira, neste Espaço enigmático… Lá fora fica o mundo calado… só a natureza se desperta, se desassossega, assim como a minha alma se desprende do resto de tudo para reviver. E nesta escuridão translúcida, procuro a outra parte de mim, assim como a lua que se escapa lentamente da imensidão do céu… suspiros, gritos, vozes que ecoam em mim e se querem soltar… De novo aquele pesadelo… de novo um calar sufocante…uma agonia que ninguém ouve, que ninguém repara.
Para aqueles que dormem, o vento que bate nas suas janelas é apenas vento, é apenas um som, um som a que todos se habituaram a ignorar, assim como tudo o resto a que se habituaram a banalizar. O meu mundo não é este… não será mais este…esta noite não…
Porque não fugir, porque não sabendo que talvez, por meros instantes, eu te possa encontrar? ...
Poderia não existir neste momento…Mas sentir-me-ia realizada sabendo que algum dia poderia existir dentro de ti, viver nos teus pensamentos, nos teus sonhos, nos teus medos, nos teus esconderijos, no teu mundo…
Talvez possa fechar os meus olhos para que possa eu ignorar o som das minhas lágrimas… escutar apenas as gotas da chuva, ou o som do vento, espreitar a vida lá fora…
Lá fora tudo é incógnito, tudo é desafio e mistério, magia oculta e ao mesmo tempo desarmada… É um desguarnecimento progressivo, quando apenas nos resta a alma…
Recordo uma frase que surgira em segundos de desatino e solidão na minha mente… Não me sai da cabeça…

“Não queria que um anjo me protegesse e me levasse nas suas asas…queria apenas que ele me envolvesse nos seus braços…”

Desde o dia em que te encontrei, meu anjo, eu posso garantir-te: Não te largarei nunca mais!
Deixa-me entrar em ti…deixa-me simplesmente sair daqui…todas as noites, todos os dias…sempre que eu quiser…
Deixa-me ser o teu olhar, deixa-me ficar no teu coração e não sair nunca mais do teu pensamento. Deixa-me ser uma lágrima que apenas existe porque hoje sabemos o que é a saudade. Deixa-me ser um sorriso, ainda que silencioso… prefiro os sentimentos calados… as palavras que não consigo pronunciar e que nunca ninguém conseguia decifrar…
Deixa-me continuar a amar… assim como o primeiro dia em que me agarraste e prendeste num olhar…
Deixa-me…
Deixa-me ficar para todo o sempre!


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