quinta-feira, 9 de junho de 2011

Ao meu avô

Lembro-me de ti..
Lembro-me de vários dias teus, de vários momentos. Tenho memórias de coisas boas e de coisas más.
Lembro-me do quanto me custou às vezes obrigar-me a não gostar tanto de ti, só para te poder enfrentar.
Lembro-me das vezes em que me pus diante de ti, para que não cometesses mais erro nenhum e das vezes em que erro veio comigo para a cama, no fim do dia, só porque te enfrentei.
Tinhas a força, tinhas a ira, tinhas sempre tudo aquilo que eu receava. E hoje receio que a doença te leve de mim.
Quanto tem evoluido, esta... Às vezes acordo e nem acredito no que vejo. Consegues estar três vezes pior que no dia anterior...
Não sei lidar com isso. Não sei lidar com a perda das tuas capacidades, com os dias em que ficas horas, de olhar vazio, porque, dizes tu, não sabes onde estás, nem quem somos nós.
Oh, se eu pudesse mudar o mundo.. Se eu pudesse voltar atrás no tempo e mostrar-te como seria a tua velhice se não parasses os teus maus hábitos.
Talvez hoje eu pudesse sentar-me no teu colo e brincar contigo, como as meninas como eu fazem com os avôs dos filmes...

Não sei mesmo lidar com isto, e já não suporto ver-te a sucumbires diáriamente. Muito menos suporto quando me dizem que já não falta muito para te perder de vez...

"..."

1 comentário:

  1. a dor da perda custa superar... Mas magoa mais vermos quem nos criou com tanto carinho... deixar-se perder pela vida... mesmo que nao seja esse o espirito interior... Mas o corpo já nao aguenta... e Nós... que parecemos meros espectadores... morremos junto a cada pedaço de hora que Deus Lhe rouba...

    Beijo doce meu anjo.

    estou aqui :D

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