segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Necessidades II


Nos últimos tempos tenho tentado procurar passar mais tempo sozinha, não de uma forma muito diferente do habitual, mas, contudo, de uma forma nova. Seja sentada no chão da cozinha a comer cereais, seja na cadeira de baloiço que tanto gosto da minha sala, seja sentadita n janela do meu quarto, não sei, procuro apenas por um lugar tranquilo, de preferência perto da minha realidade e longe dos meus problemas. Quero que o silêncio me invada e ao mesmo tempo cale meus gritos. Não tenho tido a necessidade de ouvir vozes, nem tão pouco quero receber os abraços de que tanto gosto

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Sozinha, apenas eu e os meus pensamentos, organizo por datas todos os meus sentimentos ao lado da minha caneca de leito com chocolate quente. Preciso limpar esta minha cabeça, juntar os pedaços do meu coração nem que seja para guardá-los numa caixa pequena no fundo da gaveta velha.

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Desliguei o meu telemóvel esta noite e com os ouvidos tampados sentei a mesa para jantar. Pela primeira vez não esperei por ninguém, alguém que também não vem porque este pequeno apartamento à meses que só me tem a mim, apenas observarei os pratos vazios colocados sobre a mesa, sentirei o tecido áspero da toalha e lembrarei de como eram bons os dias que tinha companhia naquela hora do dia. O resto das lembranças estarão no meu bolso, estampadas em pedaços de papéis que serão queimados no calor do fogo. Se a campanhia tocar, não atenderei. Mas não te preocupes, é só por hoje, pois sei que amanhã ao amanhecer tudo volta a ser como é, se não pior e da mesma forma. O sol nascerá e a realidade me obrigará a levantar com um sorriso forjado no rosto e poucas histórias para contar. Lembranças deixadas serão devolvidas, fotos queimadas serão restauradas e nenhum vestígio da noite passada terá importância.

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