segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Mais recentemente por motivos que não me ligavam directamente a esta frase ela surgiu e hoje escrevo sobre o que sinto quando a ouço ou relembro…   

‘’Do you remember the first time that you cut yourself?’’ 


Lembro-me de não ver nada mas de saber que não estava só. Sussurraram-me ao ouvido canções de embalar e a dor não sentiu sabor em mim. Um brilho saiu dos meus olhos naquele primeiro momento e desesperei ao saber que me aliviara.. sabia que nunca mais seria a mesma. Ali, naquela triste melodia, sem som e que escorria em mim… Segui nesse caminho até chegar à lua de tão longe que a determinada altura fui, tropecei nas calçadas dos pensamentos avassaladores que rondavam o meu segredo e lembro-me de pedir a mim mesma todos os dias para que nem eu própria alguma vez me abandonasse. Lembro-me de olhar a medo vários olhos pedindo ajuda e de me encontrar mais tarde, de novo, com inúmeros objectos que puramente me saciavam da loucura que eu precisava de soltar.  Lembro-me de sufocar dentro de mim, como se estivesse presa debaixo de terra, de mil mares, e de falar sem som, como nos filmes mudos… Lembro-me de tantos choros, tanto desespero, de tanta raiva de mim mesma e de como ao mesmo tempo nunca deixei de ser forte. De caminhar em passos lentos desejando correr sem força nas pernas e de tudo aquilo que me veio salvar. Lembro-me de quantas vezes pendurei o meu olhar bem no alto céu e de quantas vezes os cerrei igualando assim os punhos com tanta força que cheguei a ficar com a ponta dos dedos roxos. Lembro-me de todas as vezes que me forcei a mim mesma a responder quem eu era só para que eu não me esquecesse disso e do dia que mais sangrei. Lembro-me dos berros com que te chamei de novo à terra, para junto de mim, e do quanto te odiei por não me poderes ajudar ou salvar. Das horas sombrias e da saudade do amor. Aquele amor que me salvara sempre de todos os fantasmas, aquele que nunca se foi embora e que sem saber me tirou do pior de mim inúmeras vezes… Aquele amor que mesmo não sendo meu foi o coração que tanto bateu em meu peito. Lembro-me de a determinado dia querer sair de onde estava e de jurar a mim mesma que não o faria mais… Que não deixaria nem aquelas marcas em mim para me lembrar do que outrora tinha sido.. Às vezes basta fechar os olhos e nunca deixamos de nos encontrar connosco mesmos… E todos os dias eu resisto, ainda hoje, para ser mais forte a cada dia que passa, mesmo quando é quase impossível não fazê-lo…. …

- Fotografia do meu pulso direito -

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