sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Dores...

Garanto-te..
Nada mais que me dói do que ver-te desta forma..
Nada me dói mais do que ver-te chegar a este ponto..
Não escrevo nunca sobre isto.. Acho que simplesmente não o consigo soltar. Não o consigo escrever, não o consigo falar e não o consigo chorar.
A cada dia que passa a luta aumenta, é um correr contra o tempo, uma preocupação e cuidados constantes.
Não consigo ver-te assim.. Não consigo encarar o pouco tempo que te resta e aceitar tudo o que te tem vindo a acontecer.
Recuso-me ver-te a definhares-te,a sucumbir a essa doença..
Recuso-me a aceitar que por vezes olhas para mim e nem sequer me reconheces.
Recuso-me a aceitar o simples facto de nem a ti te reconheceres.
Recuso-me a ver tudo o que tenho visto nestes dias e continuar a escrever textos alegres apenas para ocultar a vontade de chorar..
Queria pedir-te que não partisses nunca, que voltasses atrás no tempo e que voltasses a  ser o homem forte que eras.. Mesmo com tudo o que isso implicasse... Porque, mau ou bom, não irias morrer e eu teria-te comigo para sempre..
E eu não quero ficar sem nenhum de vocês. Nenhum dos dois...
Porque, sem vocês, não me resta nada.. E nada eu serei...
Queria que a nossa familia fosse diferente e que as pessoas que estão longe viessem para ajudar a cobrir-te com a tua coberta, que te viessem dar um beijo de boa noite ou que te ajudassem, de manhã, a descer as escadas..
Gostava que as pessoas percebessem que esta é o teu último ciclo e que, se não tevêm ver agora, vão perder o último pedaço de ti...

2 comentários:

  1. As tuas palavras tocaram-me, sinto exactamente o mesmo com o meu pai, doi demais ver quem gostamos a sofrer e sermos incapazes de parar isso...Bjinho grande

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  2. A vida, por muito que nos custe não passa de uma passagem nesta existência, gosto de pensar assim, não crescer, não querer conceber a ideia de morte, manter a minha inocência e acreditar que quando partem, são uma estrelinha que brilha no céu, e que brilha mais quando estamos tristes, só para sabermos que estão ali para nós.
    A criança que há em mim recusa-se a crescer, a viver as dores que nos são infligidas diariamente, não acredito no ser humano como um ser sofredor, quero um ser feliz...Mas no fim, todos temos de perder a inocência e crescer...Quando me apercebo disso choro e não sei o porquê do escorrer das minhas lágrimas, mas apenas que caem quando mais preciso daquela estrelinha que brilha lá no alto!

    Lembra-te que brilhará sempre para ti

    beijinhos Angie

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