Desvio-me do pensamento recípruco inevitável, desvio-me da estrada das ilusões, desvio-me das sensações que crias em mim, desvio-me do mundo, desvio-me de ti, não porque queira, mas porque é o melhor para mim.
No mundo há sempre coisas que não fazem sentido. O amor não faz. E eu também não. Mudou tudo, o que parecia ser, não é. Nada faz sentido. Não me refiro a ti, mas às pessoas, aos lugares, aos motivos, aos sentimentos. Eles mudaram, ou talvez tenha sido eu a mudar. Ali estou eu, num canto, perdida em mim e nos pensamentos que pensava já esquecidos, guardados, fechados a sete chaves. Estou perdida no meu ontem. Não existe uma saída nem mesmo um sentimento resistente a este pensamento. Não encaixo, tal como uma peça de puzzle perdida, só, na escuridão. Se calhar são coisas que estiveram sempre aqui, mas nunca as tinha visto, jamais sentidas. Parece que perdi quase tudo, que nada já me pertence, que tudo voou, num sompro do vento, tão letal. Nada é meu. A vida tem levado pedaços de mim. Levaram-me o essencial, levaram-me uma metade, levaram-me a mim. Levaram-te de mim. Lamento que assim seja, pois não esperava ter o meu destino traçado por ti. Lamento ser apenas só mais uma na tua preciosa vida e desculpa se alguma vez te magoei, a ti e aos outros, mais a eles, porque tu não percebes, não percebes nada. Eles são o meu único motivo. E tu? Tu levaste a outra peça.
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