Esboçam o mundo dando lhe voz. Combinadas formam frases que se transformam em texto. Intemporais? Marcas de tudo e de todos. Ficam registadas , cravadas e guardadas. Permanecem em nós. São o que somos. Dão corda ao pensamento e alma à imaginação. Produzem atitudes , timbres , intenções , marcas , desejos. Mas nada mais são que conjuntos de letras ordenados. Definem , classificam , inscrevem. Eu sou feita de palavras. Mas não só. Elas não me pertencem da mesma forma que me compõe. Ditas ou por dizer? São sempre palavras. Então porque as perdemos nos momentos indecifráveis? Porque elas fogem. Fogem , pois também somos parte do que não conhecemos , do que não esperamos , aquilo que as palavras não alcançam , o mesmo que o toque e o olhar conseguem dar expressão à incapacidade das palavras. As palavras fascinam-me mas por vezes surgem fugazes , vazias. Não há palavras. Mesmo quando o leque é tão variado , tão imenso. Por vezes pronunciadas a mais , por outras são sentidas como carências. Mas fica sempre tanto por dizer , e tanto se diz. E encontro mais no silêncio do que aquilo que poderia ser entendido nas palavras. O silêncio diz tudo ao mesmo tempo e por isso pode tornar-se incompreensível. São palavras mudas que significam e vozeiam caladas. É uma dualidade incapaz de satisfazer os prazeres de todos. Traiçoeiras , mentirosas , incapazes. Sim são sempre palavras. Opções. Pensadas ou impensadas. Todavia para além delas surgem as imagens , os gestos , as poses muito mais do que as palavras podem definir. Incompletas? Prefiro acreditar que sim. As palavras não me chegam.
euadoroaisabell e ela mete respeito aqui ♥
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