segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Não penses.
Que raio de mania essa de estares sempre a querer pensar. Pensar é trocar uma flor por um silogismo, um vivo por um morto. Pensar é não ver.
Olha apenas, vê.
Está um dia enorme de sol. Talvez que de noite, acabou-se, como diz o filósofo da ave de Minerva. Mas não agora. Há alegria bastante para se não pensar, que é coisa sempre triste. Olha, escuta. Nas passagens de nível, havia um aviso de «pare, escute, olhe» com vistas ao atropelo dos comboios. É o aviso que devia haver nestes dias magníficos de sol. Olha a luz. Escuta a alegria dos pássaros. Não penses, que é sacrilégio.
Ao final do dia contava-te o interior do que te tinha amado enquanto te amava, descrevia-te cada sensação que me oferecias, tu fechavas os olhos e procuravas sentir o que andava por dentro de mim, de seguida era a tua vez de me dizeres como te mexia, em que te mexia, e quando dávamos por nós já não sabíamos se a sensação que nos excitava era nossa ou do outro, e percebíamos que a pele e o osso não existiam para nos separar mas apenas para nos proteger.

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