Mais recentemente por motivos que não me ligavam
directamente a esta frase ela surgiu e hoje escrevo sobre o que sinto quando a
ouço ou relembro...
‘’Do you
remember the first time that you cut yourself?’’
Sussurraram-me ao ouvido canções de embalar e a dor não
sentiu sabor em mim. Um brilho saiu dos meus olhos naquele primeiro momento e
desesperei ao saber que me aliviara.. sabia que nunca mais seria a mesma. Ali, naquela triste melodia, sem som e que
escorria em mim...
Segui nesse caminho até chegar à lua de tão longe que a
determinada altura fui, tropecei nas calçadas dos pensamentos avassaladores que
rondavam o meu segredo e lembro-me de pedir a mim mesma todos os dias para que
nem eu própria alguma vez me abandonasse.
Lembro-me de olhar a medo vários olhos pedindo ajuda e de me
encontrar mais tarde, de novo, com inúmeros objectos que puramente me saciavam da
loucura que eu precisava de soltar. Lembro-me
de sufocar dentro de mim, como se estivesse presa debaixo de terra, de mil
mares, e de falar sem som, como nos filmes mudos...
Lembro-me de tantos choros, tanto desespero, de tanta raiva
de mim mesma e de como ao mesmo tempo nunca deixei de ser forte. De caminhar em
passos lentos desejando correr sem força nas pernas e de tudo aquilo que me
veio salvar.
Lembro-me de quantas vezes pendurei o meu olhar bem no alto
céu e de quantas vezes os cerrei igualando assim os punhos com tanta força que
cheguei a ficar com a ponta dos dedos roxos.
Lembro-me de todas as vezes que me forcei a mim mesma a
responder quem eu era só para que eu não me esquecesse disso e do dia que mais
sangrei.
Lembro-me dos berros com que te chamei de novo à terra, para
junto de mim, e do quanto te odiei por não me poderes ajudar ou salvar. Das
horas sombrias e da saudade do amor.
Aquele amor que me salvara sempre de todos
os fantasmas, aquele que nunca se foi embora e que sem saber me tirou do pior
de mim inúmeras vezes... Aquele amor que mesmo não sendo meu foi o coração que
tanto bateu em meu peito.
Lembro-me de a determinado dia querer sair de onde estava e
de jurar a mim mesma que não o faria mais... Que não deixaria nem aquelas
marcas em mim para me lembrar do que outrora tinha sido..
Às vezes basta fechar os olhos e nunca deixamos de nos
encontrar connosco mesmos...
E todos os dias eu resisto, ainda hoje, para ser mais forte a cada dia que passa, mesmo quando é quase impossível não fazê-lo....
...
Cinco meses sem me auto-mutilar ...- Fotografia do meu pulso direito -
"Stay Strong" ...
ResponderEliminarEstou aqui para ti, assim como sempre estiveste para mim...
Gosto muito de ti...